“Às vezes pergunto-me como é que ele consegue descansar e concentrar-se” – Tadej Pogacar faz demasiado no inverno, segundo um antigo campeão do mundo

Ciclismo
quinta-feira, 25 dezembro 2025 a 14:00
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As exigências de um ciclista profissional de topo são enormes e, no inverno, mesmo com mau tempo, é crucial recuperar física e mentalmente. Só assim se volta ao trabalho em dezembro e se continua a evoluir sem risco de esgotamento. Philippe Gilbert sabe bem do que fala e considera que Tadej Pogacar fez demais neste inverno.
“Talvez seja precisamente este aspeto que o esgota. Surpreendeu-me vê-lo neste outono em tantos sítios diferentes. Às vezes pergunto-me como é que ele consegue descansar e concentrar-se no treino”, argumentou Gilbert ao Le Soir.
O esloveno terminou a temporada a 11 de outubro e, em meados de dezembro, já estava de regresso ao estágio, logo após um dia de testes de material no empedrado do Paris-Roubaix. Porém, sendo a principal figura da modalidade, marcou presença em muitos eventos públicos durante o inverno.
“Esteve em muitos eventos. É sempre muito generoso, dá muito de si, doa material para leilões e por aí fora. Mas de meados de outubro ao início de dezembro, um ciclista profissional precisa de descanso e silêncio”, defende o belga. Gilbert também foi corredor de elite durante vários anos, já no ciclismo moderno, e sabe as exigências que recaem sobre um ciclista do calibre de Pogacar.
Pode, no entanto, argumentar-se que Pogacar só iniciará a época em março, mantendo assim muito tempo sem competição, e terá apenas 11 dias de corrida em toda a primavera, talvez o calendário mais leve entre os candidatos ao topo.

UAE a gerir Pogacar

Gilbert falou longamente sobre o que acredita ser o lado psicológico do Campeão do Mundo, incluindo a Volta a França. Note-se que, na 16ª etapa, com final no Mont Ventoux, bateu com o joelho no guiador e sofreu uma lesão ligeira, mas a última semana de Pogacar foi invulgarmente conservadora, e o próprio admitiu cansaço e vontade de chegar ao fim, longe de desfrutar das exigências e intensidade do Tour.
“A equipa disse-lhe ‘pára de atacar, limita-te a seguir, a seguir, já não te pedimos que ganhes etapas’. Ao impor isso ao Tadej, obrigas o corredor a ir contra os seus instintos. Ele é daqueles a quem se deve dizer ‘vai, diverte-te’. Não estamos a falar do Miguel Indurain. Pogacar é o oposto. Precisa das etapas rainha, dos contrarrelógios, talvez de todas as camisolas para fazer história”.
Contudo, na etapa final, com a geral garantida (ao contrário do que Gilbert sugere), voltou ao ataque, tentando vencer de amarelo em Paris. Não conseguiu, mas teria sido um triunfo memorável se resultasse.
“O Eddy [Merckx] nunca parava e o Tadej também não pára. O empedrado estava molhado e escorregadio, todos os ingredientes para uma queda e para pôr em risco a vitória final, mas ele foi. Ele adora isto”, concluiu.
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