"Cada etapa será uma oportunidade" Marco Frigo quer surpreender na Volta a Espanha e sonha com os Europeus

Ciclismo
terça-feira, 19 agosto 2025 a 20:30
frigo
Com uma temporada consistente e em crescendo, Marco Frigo parte para a Volta a Espanha 2025 com um plano bem definido, confiança reforçada e a esperança de que uma boa prestação possa abrir-lhe as portas para voltar a vestir a camisola azul da seleção italiana no próximo Campeonato da Europa.
"Cada etapa será uma oportunidade para experimentar algo", afirmou o ciclista de 25 anos da Israel - Premier Tech, em entrevista à Bici.Pro antes da partida para a Vuelta. "Não estou a apontar para a classificação geral. Vou tentar aproveitar ao máximo as oportunidades que surgirem, especialmente se as fugas tiverem espaço para serem bem-sucedidas".

Emergência no pelotão italiano

Frigo tem vindo a afirmar-se como um dos mais promissores trepadores italianos da nova geração. Depois da sua primeira vitória como profissional, na Volta aos Alpes, e de uma campanha sólida na Volta à Polónia, onde foi 7º, conquistando confiança e visibilidade, encara a Vuelta não apenas como um campo de testes, mas também como uma potencial rampa de lançamento para garantir um lugar na seleção italiana para os Europeus.
Embora ainda pouco mediático, o italiano tem deixado sinais claros da sua evolução. O quinto lugar na geral da Volta à Bélgica já havia mostrado consistência, mas foi o sétimo lugar na Volta à Polónia, confirmado com um contrarrelógio final de grande nível, que evidenciou que a sua progressão não é apenas constante, mas acelerada.
"Cheguei à Polónia depois de uma sólida Volta à Bélgica e de um estágio em altitude em Livigno", explicou. "Tive boas sensações, mas nunca se sabe como as pernas vão reagir após um mês em altitude. Por isso, sair de lá com um top-10, a pouco mais de dez segundos do pódio, deu-me enorme confiança".
A corrida polaca foi também um momento de viragem no seu modo de encarar as provas. "Tinha como objetivo a classificação geral e, na etapa de Karpacz, percebi que tinha ficado demasiado para trás no início do último quilómetro. Tinha pernas para mais, recuperei várias posições, mas acabei em 13.º. Fiquei zangado, mas também convencido de que podia fazer melhor. A partir daí, corri com mais objetivo".

Fugir à obsessão da geral

Com a Vuelta a aproximar-se, Frigo mantém o foco em vitórias de etapa, e não em classificações. Numa corrida muitas vezes marcada por fugas ousadas e imprevisibilidade nas montanhas, essa abordagem pode jogar a seu favor.
"Como equipa, o nosso objetivo é tentar ganhar etapas e eu estou totalmente de acordo com isso", sublinhou. "Vou tentar aproveitar as minhas oportunidades quando a corrida o permitir. Não tenho um guião rígido, quero manter-me adaptável e ver como tudo se desenrola".
Esse pragmatismo é reflexo da maturidade adquirida em 2025. Apesar de admitir erros de posicionamento e timing em momentos decisivos, encara-os como etapas essenciais no seu crescimento. "Em Zakopane, por exemplo, ataquei cedo demais. Mas isso faz parte do processo. Não são arrependimentos, são lições. Sei que estou a melhorar".

O sonho europeu

O grande objetivo de Marco Frigo vai além da Vuelta: garantir presença nos Campeonatos da Europa em Ardèche, França, numa prova cujo perfil considera adequado às suas características.
"Já falei com o selecionador nacional [Marco Villa] e disse-lhe que estaria disponível se a minha condição fosse boa", revelou. "Penso que o percurso em Ardèche me favorece. Gostaria muito de estar presente, mesmo como gregário. Se tiver de trabalhar o dia inteiro ou aparecer quando necessário, estou pronto. Só quero voltar a vestir a camisola azul".
Marco Villa deverá estar atento desde as primeiras etapas da Vuelta em Piemonte, numa espécie de teste para os candidatos à seleção. Frigo sabe o que isso significa: "Quero dar-lhe sinais positivos logo de início. A forma está lá, agora é preciso demonstrá-la".
Num momento em que a Itália procura novos nomes para o ciclismo de grandes voltas, Marco Frigo está a posicionar-se com resiliência, evolução consistente e leitura de corrida cada vez mais apurada. A Vuelta pode não ser o ponto final da sua época, mas poderá transformar-se no trampolim decisivo. Entre as montanhas das Astúrias e a esperança de brilhar em Ardèche, Frigo sabe que cada oportunidade conta e está preparado para agarrá-la.
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