"Dizem que somos robóticos, por vezes não é preciso um plano, é preciso coragem": Jonas Vingegaard rebate críticas à Visma

Ciclismo
terça-feira, 23 dezembro 2025 a 16:00
Vingegaard Jorgenson
Jonas Vingegaard respondeu às críticas recorrentes ao estilo de corrida da Team Visma | Lease a Bike, garantindo que o instinto e a coragem, e não o controlo rígido, definiram tanto a sua abordagem como a tática da equipa numa época moldada pela recuperação e pela improvisação.
Em entrevista ao podcast Inside the Beehive, Vingegaard enfrentou a perceção de que a Visma funciona como uma máquina, defendendo que as suas maiores vitórias deste ano surgiram quando teve liberdade para reagir ao que sentia na estrada.
“Dizem que somos robóticos. Acho que mostrámos que seguimos o instinto. Se num dia me sinto muito bem, vou à procura da etapa. Por vezes não é preciso um plano, mas é preciso coragem”.
visma
A Visma foi muito ofensiva durante o Tour 2025
Estas palavras refletem uma mudança mais ampla na forma como Vingegaard descreve a campanha de 2025, uma abordagem que privilegiou a sensação sobre a estrutura após uma recuperação longa e difícil.

Uma temporada construída pelo sentir, não pela força

Vingegaard revelou que o segundo lugar na Volta a França foi a primeira vez, desde a grave queda em 2024, que se sentiu fisicamente perto do seu antigo nível.
“A Volta a França foi talvez a primeira vez, desde a minha queda em 2024, que voltei a números de potência mais ou menos iguais. Demorou muito a lá chegar. Foi uma queda séria e atrasou-me mais do que pensava”.
Esse contexto moldou a abordagem da Visma à corrida. Em vez de pedalar de forma conservadora, a equipa optou pela agressividade e pela pressão, uma estratégia que Vingegaard assumiu ter apreciado, reconhecendo embora que a retrospetiva convida a julgamentos fáceis.
“Queríamos correr de forma agressiva para colocar pressão. Talvez, em retrospetiva, pudéssemos ter feito algo diferente, mas é sempre fácil ser inteligente depois. Gostei, foi mais por sensação, mais agressivo. Não é preciso correr sempre assim, mas por uma vez foi bom experimentar”.
Apesar de terminar confortavelmente à frente do terceiro da geral, Vingegaard aceitou o desfecho sem defensiva, enquadrando a derrota como combustível e não frustração.
“Continuei a acreditar que podia ganhar depois de alguns dias maus terem feito grande diferença, mas no fim, venceu o melhor. Isso deve dar-nos motivação para o próximo ano”.

Adaptação, doença e um outro tipo de vitória

Essa filosofia prolongou-se na Volta a Espanha, onde Vingegaard descreveu uma campanha menos de domínio e mais de adaptação. Com inúmeras chegadas em alto, o plano inicial era a contenção, mas as boas sensações iniciais mudaram o cenário.
“Sabíamos que havia tantas chegadas em subida que te podias queimar se fosses a todas. Apontámos à caça de etapas mais para o fim, mas quando surgiram oportunidades cedo, aproveitei. Nos dias em que te sentes bem, tens de aproveitar”.
Uma doença obrigou depois a novo ajuste tático, em particular no Angliru, onde a ambição teve de dar lugar à sobrevivência, sendo derrotado por um João Almeida de excelência.
“Na 13ª etapa para o Angliru queria vencer, mas a meio tive de mudar de atacar para defender”.
O triunfo final chegou na Bola del Mundo, embora a cerimónia oficial do pódio tenha sido cancelada. O que a substituiu tornou-se um dos momentos mais pessoais da sua carreira.
“Voltei ao hotel desiludido. Peguei em umas batatas fritas e numa cerveja e sentei-me no fundo do autocarro. Depois alguém disse que estavam a preparar uma celebração no parque de estacionamento. Tornou-se numa das cerimónias de pódio mais memoráveis que tive. Foi mais íntima. Só tive de ter cuidado para não cair da geleira”.

Olhar em frente com clareza, não com cautela

Depois de uma breve passagem pelo Campeonato da Europa, Vingegaard parou para recuperar como deve ser, passou tempo com a família e viajou para o Japão. O treino já recomeçou antes do estágio de dezembro da Visma, com as lições de uma época turbulenta bem assimiladas.
“Dá motivação para o próximo ano”.
Longe de reforçar a ideia de um sistema rígido, as reflexões de Vingegaard mostram um corredor e uma equipa cada vez mais dispostos a confiar no instinto, aceitar a incerteza e correr com coragem quando o momento o exige.
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