Em declarações ao AS, o belga falou sobre o ano dominador da UAE, o seu papel em evolução na equipa, a relação com Pogacar e, inevitavelmente, a saída-surpresa de
Juan Ayuso.
“Agora somos nós”: Wellens sobre a transformação da UAE na melhor equipa do mundo
A Emirates bateu o recorde de vitórias de uma equipa em 2025, alcançado 97
Wellens não se conteve quando questionado sobre a ascensão da UAE ao topo da modalidade. “É impressionante. Lembro-me da HTC, em 2009, quando ganhou tantas corridas e toda a gente dizia que era a melhor equipa do mundo. Agora somos nós. A época de 2024 foi boa, e pensei que seria difícil melhorar, mas conseguimos. Não sei como será 2026, mas a fasquia está alta”.
A sua transição para um papel dedicado de apoio foi tranquila, e, no seu entender, libertadora. “Para mim é dez vezes mais fácil trabalhar para alguém, porque não tens pressão. Se fazes bem ou super bem, as pessoas não notam a diferença. E fazê-lo na melhor equipa do mundo é um luxo”.
Planos futuros, ambição… e realismo
Wellens confirmou que assinou a renovação de contrato muito antes de esta ser anunciada publicamente. “Sim. Assinei há algum tempo, embora tenha sido anunciado mais tarde. Não é por ter vencido no Tour, é porque quero mesmo estar aqui”.
Mas tem consciência da mudança geracional que está a remodelar o pelotão. “Não sei. Espero continuar na UAE depois deste contrato, mas estou atento aos jovens talentos que aí vêm. O que me importa é que gosto muito do que faço: treinar, ir a estágios em altitude… Não sei quando vou parar. Agora há ciclistas que ganham corridas aos 18 ou 19 anos. Está tudo a mudar”.
A olhar para 2026, as ambições mantêm-se familiares. “Semelhantes às deste ano. Correr uma Grande Volta, ainda não sei qual, mas estar lá. Temos obviamente uma equipa muito forte, mas o que eu gostava mesmo era voltar ao Tour. E depois as Clássicas flamengas. Espero poder ganhar algumas”.
Wellens teve um papel decisivo no sucesso da UAE na Volta a França
A saída de Ayuso: surpresa, perplexidade… mas também confiança
Poucos dentro da UAE esperavam que Juan Ayuso forçasse a saída da equipa, e Wellens não escondeu a surpresa. “É estranho que agora, no ciclismo profissional, se possam romper contratos. Para mim é algo um pouco novo ver tudo isto, mas tenho a certeza de que o Juan o faz porque acredita que é uma boa escolha”.
Instado a dizer se considerava a decisão acertada, Wellens recusou tomar partido. “É difícil para mim dizer se fez bem ou não, mas há uma coisa certa: o Juan é um corredor com muita confiança e vai continuar a ganhar corridas. Não sei se é uma boa mudança, mas vai certamente ganhar corridas”.
Laços fortes com Pogacar e um ambiente de “equipa feliz”
Wellens fez questão de sublinhar a conexão dentro do grupo, especialmente com a sua maior estrela. “Sim, um bom amigo, mas não só o Tadej. É bom ver o entusiasmo com que cada um de nós vai às corridas, e a impressão geral é a de uma equipa feliz”.
À entrada de 2026, Wellens pode já não ser o líder indiscutível de outros tempos, mas prospera num papel que lhe assenta e numa equipa onde, saídas contratuais à parte, o ambiente se mantém em alta.