"Estou surpreendido com a atitude da Red Bull - BORA": Perito espanhol interroga-se sobre o facto de ter sido negada a presunção de inocência a Oier Lazkano

Ciclismo
terça-feira, 04 novembro 2025 a 10:00
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O veterano comentador do Eurosport, Javier Ares, reagiu à suspensão provisória de Oier Lazkano pedindo serenidade, equilíbrio e respeito pelo princípio da presunção de inocência. O jornalista espanhol manifestou surpresa com a decisão da Red Bull - BORA - Hansgrohe de rescindir imediatamente o contrato do ciclista, após a UCI ter detetado irregularidades no seu passaporte biológico.
"Estou um pouco surpreendido com a atitude da equipa Red Bull - BORA de o excluir fulminantemente da equipa", afirmou Ares no seu canal de YouTube. "A decisão da UCI de suspender provisoriamente Lazkano é grave, sim, mas não é um veredito final".

"Merecemos, no mínimo, a defesa que nos corresponde"

Ares insistiu na necessidade de um processo justo, criticando o que considera ser uma tendência para julgamentos apressados dentro do ciclismo. "Partimos sempre desse princípio indiscutível que é a presunção de inocência... merecemos, no mínimo, a defesa que nos corresponde", sublinhou.
O radialista veterano voltou também a reforçar uma das suas convicções mais antigas: nem todos os casos de doping devem ser tratados da mesma forma. "Nem todos os casos de doping são iguais... há situações sistemáticas, verdadeiramente graves, e outras em que um pequeno lapso não deve ser julgado com a mesma severidade".
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Lazkano só correu durante alguns meses com a Red Bull - BORA - hansgrohe antes de ser suspenso internamente das corridas. @Imago
Segundo Ares, a precipitação em condenar um ciclista antes do fim do processo mina a credibilidade do desporto. "Vivemos tempos em que basta uma suspeita para destruir uma reputação. Isso não é justiça, é julgamento público".

Reações contrastantes: Red Bull - BORA vs Movistar

O comentador destacou ainda o contraste entre as respostas das duas equipas associadas ao percurso recente de Lazkano. A antiga equipa do espanhol, a Movistar Team, "assegurou não ter detetado nada anormal" durante os três anos que o teve sob contrato, entre 2022 e 2024. Já a Red Bull - BORA - Hansgrohe agiu de forma imediata, tendo suspendido o ciclista em abril e agora terminado o vínculo após a declaração da UCI.
Ares questionou a decisão da equipa alemã de proceder a um despedimento imediato, em vez de optar por uma suspensão condicional até à conclusão do processo. "Estamos a falar de um contrato de 1,5 milhões de euros anuais. Romper com um atleta sem decisão definitiva levanta dúvidas éticas e jurídicas".

Defesa de Pogacar e um apelo contra o cinismo

Na sua análise, Ares criticou também a tendência de parte da comunicação social e do público em associar casos de doping antigos aos atuais campeões, mencionando especificamente Tadej Pogacar. "Eu escolho acreditar nas pessoas... não devemos questionar o sucesso com base em precedentes passados", afirmou.
Para o jornalista, o ciclismo moderno está "infinitamente mais limpo do que antes" e o surgimento de casos como o de Lazkano deve ser visto como sinal de que os mecanismos de controlo funcionam. 2Se o sistema deteta irregularidades, é porque está a cumprir o seu papel. O problema não é a existência dos casos, é o modo como reagimos a eles".
Ares lembrou ainda que Lazkano não competia desde abril, alegadamente devido a uma lesão, e atravessava um período "particularmente delicado" no plano pessoal. A suspensão provisória surge, segundo explicou, após meses de monitorização dos valores biológicos do ciclista por parte da UCI.

"Os controlos funcionam"

No fecho da sua intervenção, Javier Ares manteve uma postura prudente: "Se for provada uma infração, as consequências devem seguir-se. Mas até lá, o ciclismo deve manter a sua integridade e permitir que a justiça desportiva faça o seu trabalho".
Para o comentador, o caso Lazkano é mais do que uma história individual, é um teste à capacidade do desporto em equilibrar rigor e humanidade. "Casos como este mostram que os controlos funcionam", concluiu. "Mas também mostram que o ciclismo ainda precisa de aprender a esperar antes de condenar".
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