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Team Visma | Lease a Bike não dispõe dos mesmos recursos financeiros da UAE Team Emirates - XRG ou da Red Bull - BORA - hansgrohe, e, por isso, teve de abordar o mercado de transferências com engenho e pragmatismo. Este inverno, a equipa holandesa optou por reforçar-se com ciclistas de perfil diferente, apostas criteriosas e com potencial imediato de rendimento. Uma das mais curiosas é a de
Filippo Fiorelli, um corredor de percurso pouco convencional que se tornou profissional apenas aos 25 anos e passou toda a sua carreira ao serviço da Bardiani-CSF-Faizanè. Agora, aos 30 anos, será uma das referências do bloco liderado por
Wout van Aert e
Matthew Brennan.
A ascensão tardia de um ciclista combativo
A história de Fiorelli foge completamente à norma. Num ciclismo dominado por jovens fenómenos que brilham aos 20 anos, o italiano só assinou o seu primeiro contrato profissional em 2020, aos 25 anos, com a Bardiani. A equipa acreditou no seu talento, e o palermitano respondeu com resultados imediatos: Top 10 em duas etapas da Volta a Itália logo na sua temporada de estreia e boas prestações em provas italianas de um dia.
Ainda assim, um salto para o WorldTour parecia distante quando começou 2025. “Honestamente, não. Esperava-o, mas estava quase a desistir. Depois, graças a uma primeira metade de temporada positiva, algo começou a acontecer e, finalmente, a Visma ligou”, contou o ciclista em entrevista ao
OA Sport. “Assinei um contrato de dois anos: é um sonho tornado realidade.”
Apesar de contar apenas uma vitória profissional, Fiorelli é reconhecido pela sua versatilidade. É um sprinter com resistência, capaz de aguentar subidas curtas e até algumas mais longas. Em 2021, esteve perto de vencer a etapa de Sestola, uma chegada em altitude na Volta a Itália. Em 2023, terminou terceiro na etapa final em Roma, atrás de Mark Cavendish, mostrando consistência no sprint.
Mas foi em 2025, durante o Giro d’Abruzzo, que o seu perfil despertou o interesse das grandes equipas. Ficou segundo nas duas primeiras etapas, sétimo na etapa-rainha de Roccaraso e terminou quinto na geral, conquistando ainda a classificação por pontos. A capacidade de competir tanto nos sprints como nas subidas de média dificuldade chamou a atenção da Visma, que viu nele um reforço ideal para complementar o seu bloco polivalente.
Um papel-chave ao lado de Van Aert e Brennan
“A equipa explicou-me claramente o projeto”, revelou Fiorelli. “Contactaram-me na semana a seguir ao Giro, apresentando-me um plano construído à minha volta. Avaliaram a minha capacidade de guiar a bicicleta e evitar quedas, havia até um slide dedicado a isso no projeto. Ter uma época sem lesões faz realmente a diferença.”
O italiano terá um papel duplo na estrutura da Visma | Lease a Bike: será o último homem nos sprints para Matthew Brennan e Wout van Aert, mas também terá liberdade para procurar resultados individuais. “Disseram-me que vou ser o último homem para Brennan e Van Aert, mas também terei oportunidades pessoais. Como sou rápido, vão deixar-me espaço para jogar as minhas cartas quando a ocasião surgir.”
Trabalhar numa estrutura de topo será, para Fiorelli, um salto qualitativo e uma oportunidade de evoluir num ambiente de máximo profissionalismo. “Devo dizer que se trata de uma organização de altíssimo nível, sem tirar mérito à Bardiani, que sempre fez um grande trabalho pelo ciclismo italiano. Mas na Visma sente-se a qualidade e o profissionalismo de uma das melhores equipas do mundo.”
Com o entusiasmo de quem encara uma segunda juventude, Filippo Fiorelli chega à Visma | Lease a Bike determinado a provar que a idade é apenas um número, e que ainda há espaço no pelotão para histórias improváveis de persistência e mérito.