João Almeida endurece discurso sobre segurança no pelotão: "Alguns corredores precisam de fazer um curso..."

Ciclismo
domingo, 30 novembro 2025 a 12:45
almeida
João Almeida exibiu-se em alto nível durante toda a época de 2025 e raramente foi afetado por quedas. Infelizmente, isso aconteceu na Volta a França, o que levou ao seu abandono num objetivo-chave. O português considera que a responsabilidade pelas quedas recai sobretudo na atitude dos corredores no pelotão.
“A minha leitura é que as bicicletas nunca foram tão rápidas. O stress no pelotão também está muito alto. Na minha opinião, isto vem principalmente da atitude dos corredores”, disse Almeida em entrevista à Sigma Sports. “Acho que há falta de respeito no pelotão. As pessoas não se importam muito se caem, não pensam verdadeiramente na segurança. É isto que sinto”.
Nos últimos anos tem havido um aumento de quedas em corrida, independentemente do nível, afetando muitos corredores e alimentando um debate generalizado sobre segurança e como melhorá-la. A criação de um sistema de cartão amarelo, por exemplo, tem alterado ligeiramente o comportamento nos sprints massivos, mas nada parece travar a tendência.
A razão está sobretudo no crescente profissionalismo e foco de corredores e equipas, que valorizam ainda mais a colocação nos momentos-chave, o que aumenta a tensão e o contacto próximo a alta velocidade. As equipas mais pequenas também não aceitam ficar para trás, transformando a entrada em subidas, setores de empedrado ou pontos perigosos numa autêntica guerra pela frente da corrida.
No geral, sente-se também que os corredores estão dispostos a assumir cada vez mais riscos. “Na minha opinião, as quedas resultam mais da atitude dos corredores e não tanto das organizações. Acho que as bicicletas serem mais rápidas não significa muito”.
Almeida abandonou após queda na 7.ª etapa da Volta a França
Almeida sofreu uma queda na 7ª etapa da Volta a França, que ditou o abandono 2 dias mais tarde
Daí que Almeida acredite que várias das mudanças propostas pela UCI ou até pelos adeptos dificilmente farão diferença. Porque, no fim do dia, são os corredores que escolhem assumir os riscos, e a solução passa por levá-los a serem menos agressivos no pelotão.
“Eu sou um tipo que gosta de carros. Muitas vezes vou a pistas. Chego a andar a 300 quilómetros por hora. E não caio. Tenho travões, posso travar quando quiser, percebes. Se vais a 70 numa bicicleta de estrada, travas um pouco mais cedo, percebes. E depois entra o bom senso”.
“Acho que hoje é mais importante alguns corredores fazerem, talvez, um curso, para trabalhar curvas, descidas, para saberem o que estão a fazer”, sugere Almeida. “Porque se andas mais depressa, também tens de ter mais técnica”.
Teve um lembrete claro disso na Volta a França deste ano, quando foi apanhado numa queda a alta velocidade numa descida perto do Mur-de-Bretagne, na 7ª etapa. A luta pela colocação e a velocidade elevada no pelotão provocaram uma grande queda com consequências.
“Se tiveres algum bom senso e respeitares toda a gente, e pensares: não quero deitar ninguém ao chão, não quero cair eu, então talvez trave um pouco mais cedo para estar seguro. E depois posso forçar na subida ou assim. Mas esse claramente não é o estado de espírito neste momento, é o que sinto”, concluiu.
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