À medida que a
Volta a Espanha 2025 se prepara para arrancar este sábado, o comentador dinamarquês Dennis Ritter olha para a prova com uma mistura de entusiasmo e prudência. A presença de
Jonas Vingegaard abre a perspetiva de um triunfo histórico para a Dinamarca, mas a ausência de
Tadej Pogacar, o seu maior rival geracional, deixa uma sombra de incerteza táctica sobre a corrida.
"Jonas é um favorito tão forte que, se as coisas correrem como o guião sugere, ele pode ter a corrida garantida ao fim de apenas uma semana", afirmou Ritter em declarações ao Ekstra Bladet. "Gosto mais quando há uma verdadeira competição. Há definitivamente dois lados da moeda".
Depois de mais uma campanha de liderança na Volta a França, onde foi claramente o melhor dos restantes atrás do campeão do mundo, Vingegaard surge agora como o
grande favorito à vitória final na classificação geral da Vuelta. Sem Pogacar, que optou por descansar após uma Volta a França e uma temporada desgastante, o nível de oposição direta poderá revelar-se menos intenso nas etapas decisivas.
Comentador de longa data da Volta a França e voz respeitada na comunicação social dinamarquesa, Ritter reconheceu o entusiasmo em torno das hipóteses de Vingegaard, mas não escondeu a frustração pela ausência do esloveno. "Estou verdadeiramente desiludido por o Pogacar não estar presente. Ele e o Jonas empurram-se um ao outro para novos patamares. Eles elevam o ciclismo em todos os sentidos, e eu adoro esse duelo", confessou. "Uma potencial vitória de Vingegaard teria obviamente mais peso se fosse ao vencer Pogacar".
Potencial de domínio dinamarquês
Com Jonas Vingegaard e Mads Pedersen na lista de partida, a Dinamarca apresenta duas estrelas capazes de marcar a narrativa da corrida, cada uma no seu terreno. Para Ritter, este poder de fogo aumenta a expetativa não só entre os ciclistas, mas também entre adeptos e meios de transmissão.
"É claro que aumenta a expetativa e o prazer quando se tem alguém por quem torcer", sublinhou. "Na minha opinião, Mads e Jonas são igualmente grandes estrelas, são ambos personagens com os quais o público realmente se identifica".
Pedersen deverá apontar às vitórias em etapas e à classificação por pontos, enquanto Vingegaard terá como palco privilegiado as grandes montanhas. Para Ritter, o compatriota poderá assumir um papel avassalador nas chegadas em alto. "Estou incrivelmente entusiasmado por o ver em todos os finais de montanha – penso que ele pode arrasar com todos eles", afirmou. "É brilhante que ele esteja a correr".
O fator de imprevisibilidade
Apesar do risco de monotonia na luta pela geral, Ritter lembra que a Volta a Espanha tem um caráter único, muitas vezes caótico, que a distingue das outras Grandes Voltas. O percurso, segundo o comentador, reforça essa imprevisibilidade.
"Atiram todas as regras e tradições pela janela e criam apenas um percurso que consideram divertido", explicou. "Por vezes, isso dá origem a uma corrida selvagem. Gosto disso. É um pouco mais crash-bang-wallop do que a Volta a França, que tende a ser mais controlada porque há muito em jogo para todos".
Embora considere a Vuelta a terceira em prestígio entre as Grandes Voltas, Ritter sublinha o seu valor de espetáculo, marcado pelo inesperado que pode mudar a narrativa em qualquer momento. "Pode tornar-se selvagem, louca e totalmente imprevisível. Mesmo sem Pogacar, tudo pode acontecer".