“Não houve propriamente uma liderança nos últimos anos” – Ralph Denk e a Red Bull - BORA aproveitam as dificuldades da INEOS Grenadiers

Ciclismo
quinta-feira, 11 dezembro 2025 a 14:00
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A INEOS Grenadiers, nas duas últimas épocas, viu sair muitos membros da sua estrutura. Vários rumaram diretamente à Red Bull - BORA - Hansgrohe, algo que beneficia a formação alemã, que colhe dividendos do que o seu diretor-geral, Ralph Denk, descreve como falta de liderança adequada.
“A Ineos, e antes a Sky, foi sempre para mim uma equipa de referência. Quando entrei no ciclismo profissional em 2010, foi também o primeiro ano da Team Sky”, afirmou Denk em conferência de imprensa, citado pelo Domestique. “Tínhamos orçamentos totalmente diferentes, a minha equipa e a Team Sky em 2010. Primeiro tive de fazer o meu trabalho de casa para aumentar o orçamento, mas posso dizer agora que somos mais ou menos comparáveis, e isso é positivo”.
“Eles venceram a Volta a França muitas vezes, portanto fizeram, sem dúvida, muita coisa bem e da forma certa. Mas nos últimos anos muita coisa mudou, não só pelo número de corredores que perderam e a menor capacidade para lutar pelas Grandes Voltas, como também pela saída de muitos elementos do staff”, argumenta Denk.
Entre estes está Zak Dempster, contratado diretamente para o cargo de responsável de performance desportiva na BORA depois de ele e Oliver Cookson deixarem a INEOS, onde eram diretores desportivos. Dempster foi especialmente determinante nas mudanças recentes na equipa técnica alemã, com o objetivo de subir o nível e apresentar também uma proposta mais apelativa a Remco Evenepoel.
Mas não ficou por aí: o principal especialista em aerodinâmica da equipa, Dan Bigham, chegou à BORA após a sua parceria com a INEOS Grenadiers, e mais recentemente Xabier Artetxe, antigo treinador de corredores como Egan Bernal e Carlos Rodríguez, também fez a mudança. Pode parecer invulgar, mas Denk vê isto como um problema da equipa britânica.
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Os líderes da Red Bull - BORA contarão com uma nova equipa técnica a apoiá-los em 2026. @Imago
“Talvez, e isto é apenas uma sensação minha, não tenha havido propriamente uma liderança adequada nos últimos anos por lá”, atirou. “E é por isso que estas pessoas decidiram seguir em frente e juntar-se a outro projeto. Não vos consigo dar uma resposta definitiva sobre porque saíram da INEOS, mas o facto é que ponderavam sair e é ótimo para nós que profissionais com esta qualidade queiram integrar o nosso projeto”.

A criar o nosso próprio caminho

A pressão existe, e o próprio Dempster foi questionado diretamente sobre as dificuldades da equipa britânica. “Acho que é menos um êxodo da INEOS e mais sobre esta nova equipa de performance, com ideias diferentes, o que nos coloca numa posição para criarmos o nosso caminho. É um testemunho da força deste projeto”.
Naturalmente, não iria criticar a antiga casa. Mas admite que aprecia mais o papel que desempenha agora na BORA e acredita poder ter um impacto maior. “Adorei ser diretor desportivo na Ineos, mas quando surgiram as primeiras conversas com o Ralph, ficou claro que o meu papel ia ser diferente”.
“É muito mais uma visão de helicóptero, olhar para o quadro geral, incluindo recrutamento e a ligação com o departamento de treino. Continuo a ter paixão por ser diretor desportivo, mas foi uma decisão que tive de tomar”.
“No desporto de alto rendimento, há conversas difíceis a ter e o meu estilo nunca é fugir delas”, acrescenta. Com um bloco carregado de líderes como Remco Evenepoel, Florian Lipowitz, Primoz Roglic, Jai Hindley, e o jovem talento Giulio Pellizzari, não haverá espaço para todos liderarem como desejam na próxima época.
Evenepoel e Lipowitz farão também um calendário semelhante em 2026, incluindo arranque em Maiorca, a Volta à Catalunha e, pelo menos, a Volta a França. Gerir as ambições de ambos e manter baixa a tensão interna será indispensável e um desafio para Dempster.
“No fim, todos têm de assumir o plano. Não procuramos ser a equipa mais feliz ou confortável do mundo, isso não nos levaria onde queremos. Há decisões a tomar e parte do meu papel é tomá-las”.
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