Neilson Powless surpreende em Waregem: “Foi o ponto alto da minha carreira”

Neilson Powless alcançou a maior vitória da sua carreira no Dwars door Vlaanderen, batendo Wout van Aert num sprint improvável após uma hora final repleta de tensão. O norte-americano da EF Education-EasyPost partilhou os bastidores de uma jornada memorável e sublinhou a admiração que mantém pelos ciclistas que derrotou, nomeadamente os da Team Visma | Lease a Bike.

“Passei 50 quilómetros a falar com os homens no carro sobre se devia ajudar ou não”, explicou em conferência de imprensa. “O Tiesj [Benoot] e o Matteo [Jorgenson] também falaram comigo porque tínhamos de os ajudar a chegar à frente”. Num grupo onde era o único elemento fora da estrutura da Visma, Powless soube navegar o equilíbrio entre colaboração e ambição.

“Claro que estávamos num bom grupo, mas foi intimidante correr contra três homens da mesma equipa”, confessou. “O que jogou a meu favor foi o facto de nunca termos tido mais de um minuto de vantagem. Assim, podíamos manter um ritmo elevado e evitar jogos táticos”.

A corrida foi marcada por vento contrário e um esforço constante que impediu qualquer recuperação. “Mal podia esperar para parar cada vez que puxava. Doeu muito. Mas foi muito rápido.”

No final, a expectativa geral apontava para uma vitória de van Aert — ou, no mínimo, uma presença americana no pódio. Mas Powless tinha outros planos. “Tentei sobretudo evitar ser apanhado. Pensei que podia ficar em segundo, mas acho que tinha algo de especial. Estava a sentir-me mesmo bem”, disse, ainda a digerir o momento. “Nunca tinha estado numa situação assim, mas agora posso assumir com segurança que também posso correr para vencer.”

Apesar de ter travado uma batalha direta com três ciclistas da Visma, Powless mantém relações pessoais com vários deles. “Sou muito amigo do irmão do Tiesj, que também vive em Nice e me desejou boa sorte para a corrida. O Matteo mora a cem metros de mim. E fui colega do Wout, que sempre admirei — e continuo a admirar. Ele já conseguiu tanto.”

Sobre van Aert, o americano deixou elogios sinceros: “Todos os anos, ele enfrenta contratempos, mas consegue sempre voltar ao mais alto nível. Isso é impressionante. Senti-me especial por estar na estrada com estes homens, mesmo sendo adversários.”

Para Powless, a vitória não foi apenas uma conquista desportiva. Foi uma afirmação pessoal. E, possivelmente, o início de algo ainda maior

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