A transferência de
Tom Pidcock para a
Q36.5 Pro Cycling Team revelou-se um ponto de viragem na carreira do britânico. Após anos de talento promissor, mas irregulares, o ciclista de 26 anos parece finalmente ter encontrado o equilíbrio ideal entre ambição, consistência e prazer em correr. Em 2025, Pidcock somou pódios em algumas das corridas mais prestigiadas do calendário, incluindo a Volta a Espanha, a La Flèche Wallonne e a Strade Bianche, garantindo quase metade dos pontos UCI da sua equipa e assegurando à Q36.5 wild cards automáticos para todas as provas do WorldTour.
"O Tom mostrou durante todo o ano que pertence a esse grupo de ciclistas logo atrás do Pogacar", afirmou o seu treinador Kurt Bogaerts ao Velo. "Vimos isso na Strade Bianche e, apesar de o Pogacar não ter estado na Vuelta, vimos que o Tom ganhou uma nova coragem para lutar com estes ciclistas. Acho que ele tinha perdido um pouco disso. Agora temos de ver até onde isso o pode levar".
Na Strade Bianche, Pidcock foi o único capaz de responder ao ataque devastador de Tadej Pogacar a 80 quilómetros do fim. Acabaria por ceder ao ritmo do esloveno, mas o gesto valeu mais do que um resultado: restaurou-lhe a confiança. "Ao misturar-se com os melhores durante todo o ano, o Tom ganhou a convicção de que pode vencer a partir dessa posição num bom dia. Isso foi essencial para o final da época e para o futuro. O Tom sabe agora que não tem de correr com um laço à volta do pescoço", explicou Bogaerts.
Uma equipa em ascensão e um objetivo claro: o Tour
O "fator Pidcock" elevou a Q36.5 Pro Cycling a um novo patamar competitivo. Os resultados de 2025 garantiram um lugar sólido entre as melhores equipas do circuito e despertaram o interesse de novos reforços de peso como Fred Wright, Chris Harper, Eddie Dunbar e Quinten Hermans.
"A equipa deu um grande passo em frente na época passada e estamos agora numa posição em que devemos receber todos os convites para as grandes voltas em 2026", explicou Bogaerts. "Temos clareza no calendário e podemos planear o programa certo para levar o Tomás à Volta a França".
Depois de um pódio na Vuelta, o próximo grande desafio será o Tour de 2026, embora o foco não seja exclusivamente a classificação geral. "Temos de abordar a corrida da mesma forma que abordámos a Vuelta. Essa estratégia funcionou bem, mas não precisa de ser o foco no futuro", comentou o treinador.
O objetivo, garante, será vencer uma etapa e, a partir daí, avaliar as possibilidades: "Um top-10, como na Vuelta, pode perfeitamente ser compatível com uma vitória em etapa".
Menos BTT, mais estrada e uma nova ambição
Um dos segredos da evolução de Pidcock foi a redução do número de provas de BTT. O campeão olímpico de cross-country optou por centrar-se mais na estrada, o que se refletiu diretamente nos resultados. "Foi o primeiro ano do Tom com um foco muito maior na estrada. E isso deu-me muita confiança de que ele ainda pode evoluir muito. Ele é jovem e, até este ano, o seu foco eram as corridas em pisos de terra", explicou Bogaerts.
Embora continue apaixonado pelo ciclocrosse, pelo BTT e até pelas corridas de gravel, Pidcock parece ter encontrado um novo equilíbrio mental. "Os seus objetivos nessas modalidades exigiam muita energia mental. Mas agora que já conquistou tanto nesses campos, tem uma vontade renovada de tentar algo diferente. Ele tem uma nova energia para dar tudo de si na estrada".