“Os médicos disseram que, se continuasse a treinar, morreria dentro de dois dias” – Michael Matthews preparado para relançar a carreira em 2026 após susto de quase morte

Ciclismo
sábado, 06 dezembro 2025 a 19:00
Michael Matthews
Michael Matthews falou abertamente sobre a aterradora embolia pulmonar que quase terminou não só a sua temporada, mas a sua vida, e diz que a provação desencadeou aquilo que descreve como o verdadeiro “renascimento” da sua carreira rumo a 2026.
Em conversa com a Cycling News, o australiano revelou o quão perto esteve do desastre enquanto treinava em altitude em Livigno, em junho passado. O que começou como fadiga inexplicável nos últimos dias de um estágio de três semanas rapidamente descambou numa ida de urgência ao hospital, anticoagulantes, e médicos a alertá-lo para o pior desfecho possível.
“De repente estava no hospital e não sabia se ia morrer naquela noite ou sobreviver”, confessa Matthews. “Os médicos disseram que, se continuasse a treinar, teria morrido em dois dias”.
O choque do diagnóstico tirou-o da Volta a França e varreu os seus objetivos de meio da época, mas a experiência remodelou totalmente a sua mentalidade. Em vez de se afastar do ciclismo, diz que o susto aguçou a motivação. “Sinto que é uma segunda oportunidade para mim no ciclismo porque percebi que a minha carreira podia ter acabado”, explicou. “É uma segunda chance para mostrar do que sou mesmo, mesmo capaz”.

Uma segunda juventude aos 35

michaelmatthews
O "Bling" está pronto para provar que velhos são os trapos
Matthews, que prolongou o contrato com a Team Jayco AlUla até ao final de 2027, garante que se sente mais jovem do que há muitos anos, e que o susto apenas reforçou o gosto pelo trabalho diário de treinar e competir.
“Ainda me sinto com 25 anos e estou a desfrutar de uma segunda juventude”, disse. “Continuo a atacar os meus colegas nos treinos e sou, normalmente, aquele que quer fazer trabalho extra. A motivação continua bem viva e tenho um sorriso enorme sempre que me levanto de manhã”.
Atribui parte da longevidade às escolhas de vida que o mantiveram mais fresco do que muitos da sua geração. “Não bebo e não vou a festas. Não faço nada daquelas coisas que provavelmente te envelhecem mais depressa do que o normal”, apontou. “Talvez isso me tenha ajudado a manter-me jovem e a continuar a competir com os talentos mais novos que estão a aparecer”.
Apesar de ter sido obrigado a três meses de anticoagulantes e a um regresso cauteloso à bicicleta, Matthews ainda resgatou um final de temporada competitivo. Reapareceu na Bretagne Classic, foi oitavo ao sprint, e competiu até à Japan Cup. Conquistou ainda uma segunda camisola arco-íris com a Austrália no contrarrelógio por equipas de Estafeta Mista no Campeonato do Mundo. “Fiquei apenas muito feliz por voltar a colocar um dorsal”.
luke plapp michael matthews jay vine
Matthews (D), Luke Plapp (E) e Jay Vine (C) foram a metade masculina da equipa australiana no contrarrelógio por equipas de Estafeta Mista no Campeonato do Mundo

Grandes ambições nas Clássicas e a velha frustração da Milan-Sanremo

A olhar em frente, Matthews seguirá uma preparação europeia, em vez de regressar a casa para o Tour Down Under, com um calendário completo de Clássicas - da Milan-Sanremo à Liège-Bastogne-Liège - no núcleo do seu plano para 2026. A Volta a França mantém-se um objetivo maior, e o Campeonato do Mundo de Montreal, em setembro, é uma meta relevante, dada a sua histórica eficácia no Canadá.
Mas a Milan-Sanremo, a corrida que o definiu e atormentou, é novamente o primeiro grande objetivo. “Acho que tenho uma relação de amor-ódio com a Milan-Sanremo”, admitiu. “É obviamente uma corrida que me assenta e onde já estive bem no passado, mas também tem sido cruel comigo. É preciso que as cartas caiam no sítio certo, é uma espécie de lotaria, mas nunca jogou a meu favor”.
A prova tornou-se ainda mais dura com a abordagem agressiva da UAE Team Emirates - XRG nos últimos anos, liderada pelo seu habitual companheiro de treinos Tadej Pogacar. “Passou a ser uma corrida mais ofensiva, quando era de sprinters, mas não há nada que possa fazer quanto a isso”, apreciou. “Tenho de garantir que estou pronto quando surgem os ataques, reagir ao momento e, com sorte, conseguir finalizar”.

“Um renascimento” e um corredor que está longe do fim

Para Matthews, o trauma de junho passado não gerou medo, trouxe clareza. Não está a contar os anos até à reforma, nem tem pressa em definir uma data para o fim.
“Os problemas de saúde que tive este ano foram, obviamente, um grande susto, mas ao mesmo tempo sinto que me deram uma segunda oportunidade no ciclismo”. disse. “Sinto que é um renascimento da minha carreira”.
E enquanto acumula esforços longos no estágio de dezembro da Team Jayco AlUla, “dezembro é como o antigo janeiro; já estamos a fazer trabalho no limiar”, a sua mensagem é simples: continua a sorrir, competitivo, e convencido de que ainda há mais para dar.
“A pré-época correu muito bem”, frisou. “Acho que é provavelmente o melhor que me senti em dezembro, por isso espero que haja coisas boas a chegar este ano”.
aplausos 0visitantes 0
loading

Últimas notícias

Notícias populares

Últimos Comentarios

Loading