A temporada de 2025 terminou da melhor forma para
Michael Storer. O australiano da
Tudor Pro Cycling Team encerrou o ano com um notável 3.º lugar na Il Lombardia, apenas atrás de
Tadej Pogacar e
Remco Evenepoel, um resultado que simboliza a sua entrada definitiva no grupo dos grandes trepadores do pelotão internacional.
Foi o culminar de uma época longa, exigente e consistente, em que Storer não só enfrentou duas Grandes Voltas (Giro e Tour), como também construiu uma sequência de excelentes resultados no final da temporada, incluindo a vitória no Troféu Pantani e o pódio no Giro della Toscana.
“Foi uma boa experiência e eu sabia que estava bem”, disse ao bici.pro. “Neste último mês, obtive vários resultados positivos, a começar pelo pódio no Giro della Toscana. Depois veio a vitória no Troféu Pantani, a primeira da minha carreira numa corrida de um dia.”
De resistente a protagonista
2025 foi, acima de tudo, um ano de resistência e afirmação para Storer. Ao completar a Volta a Itália e a Volta a França no mesmo ano, apenas a segunda vez que o conseguiu, o australiano descobriu um novo nível de durabilidade física e mental. “Vi que o meu corpo responde bem e consegue preparar-se para duas corridas tão importantes e tão próximas”, explicou. “A parte mais difícil foi gerir a fadiga, especialmente no Tour, onde o objetivo era correr dia após dia.”
Mas se as Grandes Voltas foram um teste de resistência, a Il Lombardia foi um teste de autoconfiança. Storer não partiu com ambições de pódio, mas o incentivo do seu diretor desportivo, Matteo Tosatto, mudou-lhe o horizonte. “Tinha em mente lutar pelo top 10, talvez o top 5”, confessou. “Depois o Tosatto disse-me para pensar mais alto, que o pódio tem três degraus e que o último estaria ao meu alcance. Pareceu-me exagerado… mas no fim, consegui mesmo subir.”
O australiano riu-se ao recordar a exigência quase inflexível do técnico italiano: “Ele tem as suas manias. É difícil tê-lo como diretor porque nunca está satisfeito. Obriga-me a dar sempre o máximo, e às vezes isso ajuda. Diz que me contento demasiado depressa, e é verdade. Ele faz-me sonhar mais alto.”
Ambição para 2026: Giro, Tour e novas metas
O final de 2025 redefiniu a mentalidade de Storer. Aos 28 anos, o australiano deixou de ser visto apenas como um gregário de luxo e passou a ser um candidato regular a vitórias e pódios.
“Sonho sempre em ganhar uma etapa do Giro ou do Tour”, admitiu. “Se quiser exagerar, posso dizer que gostaria de fazer um pódio no Giro… mas não o digo em voz alta, senão o Tosatto vai responder: ‘Porque não ganhá-lo?’”
Com o rendimento crescente e a confiança da equipa suíça, Storer traça agora um caminho claro para 2026, ano em que ambiciona consolidar-se entre os melhores trepadores das Grandes Voltas.
Itália como segunda casa
Depois de uma temporada que começou em fevereiro e terminou apenas em outubro, Storer vai finalmente ter tempo para descansar. O plano passa por permanecer em Itália até ao estágio de dezembro da Tudor antes de regressar a casa, em Perth, pela primeira vez em quase dois anos.
“Estarei em Itália até ao estágio da equipa em dezembro”, contou. “Depois espero regressar à Austrália para os Campeonatos Nacionais, que este ano são na minha cidade natal. Também seria bom fazer o Tour Down Under, mas ainda não sei se a equipa vai participar. Se não for, posso ficar na Austrália até janeiro e ir diretamente para o UAE Tour. Não vou a casa desde fevereiro de 2024, por isso seria ótimo fazer com que resultasse.”
Apesar da saudade, Storer reconhece que a Itália já se tornou a sua segunda casa, o cenário onde a sua carreira mais cresceu.
“Habituei-me aos invernos em Varese”, diz com um sorriso. “Estão a ficar mais quentes e secos todos os anos.”
A Lombardia de 2025 foi, assim, o fecho perfeito de um ciclo de amadurecimento. Michael Storer terminou o ano como um ciclista transformado: mais completo, mais confiante e finalmente reconhecido pelo seu verdadeiro valor. Se 2025 foi o ano da confirmação, 2026 promete ser o ano da consagração.