"Podia ter sido um dia bom... mas não foi" José Poeira faz balanço da prestação de Portugal no Europeu, com críticas à regra que atirou Rui Costa e Tiago Antunes para fora da corrida

Ciclismo
segunda-feira, 06 outubro 2025 a 17:50
portugal - camp europa 2025
Portugal saiu do Campeonato da Europa 2025 com uma prestação francamente abaixo dos pergaminhos e das expectativas da equipa lusa. Tudo começou no primeiro dia da competição, onde João Almeida, que estava previsto para estar no contrarrelógio juntamente com Nelson Oliveira, não alinhou, devido a uma indisposição. Nessa mesma quarta-feira, decorreram todas as provas de CRI individual, com o melhor resultado português a ser o 19º posto de Nelson Oliveira, na corrida de elites masculinos. Os restantes resultados desse dia foram o 31º lugar de Beatriz Roxo nas sub-23 femininas; 41º lugar de Gonçalo Rodrigues e 48º de Gonçalo Costa nos juniores masculinos e 25º lugar de Daniela Campos nas elites femininas - não houve representação portuguesa nos sub-23 masculinos.
As primeiras provas de estrada seguiram a toada de resultados:
  • 22º lugar de Guilherme Santos, 24º de Gonçalo Costa, 51º de João Anunciação, 65º de Rodrigo Jesus e 71º de José Salgueiro na prova de juniores masculinos;
  • 83º lugar de Bruna Gonçalves, 84º lugar de Maria Coimbra e 86º de Lara Ribeiro nas juniores femininas;
  • 71º lugar de Beatriz Roxo nas sub-23 femininas
Porém, na prova de sub-23 masculinos a tendência parecia ter-se invertido, com Lucas Lopes a assinar uma grande exibição, que o levou ao 8º lugar final, tendo chegado no grupo que disputou a medalha de bronze. Contou com o apoio importante dos colegas de equipa: Daniel Moreira (24º), Duarte Domingues (36º) e Gabriel Batista (62º), foi a prova que acabou por salvar a prestação portuguesa em terras gaulesas. Nesse mesmo dia, sábado, disputou-se a prova de elites femininas, com Raquel Queirós a fechar no 37º lugar.
No entanto, a prova que oferecia mais expectativas era a dos elites masculinos, com João Almeida a ter a possibilidade de enfrentar o colega de equipa Tadej Pogacar num duro circuito com mais de 3000 metros de acumulado. A acrescentar às dúvidas da condição física do caldense, a não partida de António Morgado, reduzindo o bloco português a 3 elementos.
Cedo se viu que Almeida não estava no seu melhor, sempre muito recuado, viria a ceder a mais de 100km do fim, após a primeira onda de ataques, abandonando posteriormente. Tiago Antunes integrou a segunda fuga do dia, fez uma agradável prova, chegou a rodar ao lado de Pogacar e Evenepoel, mas, tal como Rui Costa, foi mandado encostar pelos comissários, alegando que o grupo onde seguiam corria o risco de ser dobrado pela frente de corrida, numa altura em que podiam lutar por um lugar no top 20, já que terminaram apenas 17 ciclistas.
Em declarações ao Jornal Record, o selecionador nacional de elites José Poeira fez o balanço da prestação portuguesa em Drôme-Ardèche: "Foi bastante dura sobretudo com esta regra que, quando passa com dez minutos de atraso na meta, mandam encostar os corredores quando ainda faltam duas voltas. O que é certo é que só estavam 15 corredores na frente. Não estamos numa prova em que passamos na 80ª ou 100ª posição. Estou a falar de 15 corredores na frente. É uma regra que não se compreende bem, mas é a regra".
"Acho que não devia ser assim porque não estamos a falar de grupos muito atrasados ou já com muitos corredores na frente com grupos de 60 ou 70 ou 80. Não é nada disso, estavam apenas 15 à nossa frente. Acho que a corrida podia continuar. O grupo onde vinham o Tiago e o Rui, certamente que podia apanhar outros corredores isolados e porque não chegar perto dos dez primeiros, por exemplo. Numa corrida destas, além dos 10 primeiros, ainda é corrida. Acho que ali não tinha justificação para mandar encostar o grupo onde estavam os nossos atletas e fazia sentido acabarem".
Poeira prosseguiu com uma análise à prestação individual dos atletas: "O Tiago entrou na fuga, era o corredor que estava mais à frente, e, quando atacaram atrás, formou-se um grupo onde ele estava. Depois, já na parte final da subida, não conseguiu passar com o grupo e ficou sozinho. Nessa altura devia ser o 19º. Depois, mais atrás vinha um grupo grande com o Rui e com outros corredores bons. Quanto ao João Almeida também não teve um dia bom porque já estava aqui um bocado adoentado. No final de época, às vezes os corredores já não estão com a mesma forma, com o desgaste do ano, e não foi um dia bom para ele. O António Morgado também não estava bem e não alinhou. Podia ser uma coisa muito melhor, mas o dia de hoje foi assim, então não há nada a fazer".
Em jeito de conclusão e numa perspetiva mais ampla, analisou a temporada de 2025 da seleção nacional: "O balanço é bom para os nossos corredores com as equipas deles e connosco. Em termos de Sub-23, que correm mais connosco, ou os juniores, acho que foi bom porque tivemos um Tour de l’Avenir bom, tivemos um Mundial bom, e tivemos um Campeonato da Europa bom, muito bom. Noutras provas que fizemos, tivemos a Corrida da Paz em que entramos nos dez primeiros e a Corrida da Polónia em que entramos nos vinte primeiros. Os juniores também conseguiram andar a fazer provas por etapas dentro dos vinte primeiros, portanto isso não deixa de ser um bom sinal. Agora, aqui, também estamos um bocado limitados em termos de corredores que podiam participar, por diversas questões. Mas com estes corredores que alinharam, hoje, e tudo a correr bem, podia ter sido um dia bom, mas não foi".
Créditos da foto: Jornal Record
aplausos 0visitantes 0
loading

Últimas notícias

Notícias populares

Últimos Comentarios

Loading