"Quando Tadej ataca e Remco não consegue, fica frustrado... tentou culpar o mecânico": Ben Healy viu de perto a zanga de Evenepoel em Kigali

Ciclismo
quarta-feira, 26 novembro 2025 a 21:20
RemcoEvenepoel
Ben Healy ofereceu uma visão invulgarmente franca sobre os momentos decisivos do Campeonato do Mundo de Estrada UCI 2025, descrevendo como Remco Evenepoel reagiu quando Tadej Pogacar desferiu o ataque vitorioso no Monte Kigali e como a frustração do belga transbordou no rescaldo.
Healy foi claro: dentro do grupo, a explicação de Evenepoel sobre um selim a escorregar não correspondeu ao que realmente viu na estrada.
“Ele entra um bocado em pânico quando o Tadej ataca e ele não consegue responder”, disse Healy à conversa no The Roadman Podcast, recordando o momento em que Pogacar fez o movimento decisivo. “Acho que foi claramente na cabeça”.
Healy salientou que Evenepoel não mostrara dificuldade em acelerar forte mais cedo na corrida e rejeitou a ideia de que a posição do selim fosse a verdadeira razão para não ter seguido Pogacar. “Exatamente. E estás a fazer a mesma potência na mesma”, indicou. “O que é que ganhas a bater no selim? Se está um milímetro fora, só estás a piorar”.

“Ele mereceu”: Evenepoel chamado à atenção pelo próprio mecânico

Segundo Healy, a própria equipa de apoio de Evenepoel estava igualmente pouco convencida pela explicação do selim. “Depois da corrida o mecânico dele, que também é primo, expôs mesmo a situação sobre a segunda bicicleta, dizendo: ‘Não sabemos o que é que está mal com ela’”, lembrou Healy.
E quando Evenepoel pareceu culpar publicamente o equipamento, Healy disse que a resposta dentro do acampamento belga foi direta.
“Ele mereceu, sejamos justos, porque tentou atirar o mecânico para debaixo do autocarro na TV, a bater no selim e assim, e o mecânico saiu-se com: ‘Eu não sei o que é que se passa com ele’”.

“É como se tivesse tomado uma pastilha de cianeto”

Para Healy, a diferença real em Kigali nada teve a ver com mecânica ou ganhos marginais, mas com a explosividade ímpar de Pogacar. “Ele estava fortíssimo” contou Healy sobre Evenepoel. “Quando estávamos no grupo com ele, ele rebocava-nos. Fazíamos o mínimo e ele parecia um comboio”.
Mas quando Pogacar arrancou, Evenepoel simplesmente não conseguiu responder. “Ele não consegue igualar a aceleração que o Tadej tem”, explanou Healy. “Vê-se no Campeonato da Europa: o Tadej arranca, o Remco segue um bocado e depois é como se tivesse tomado uma pastilha de cianeto, detona”.
Healy sugeriu que a dificuldade era tanto psicológica como física. “Ele não consegue encarar a derrota. É um vencedor”, atirou. “Apontado como o próximo grande desde júnior, a deixar toda a gente da roda, e acho que luta com a ideia de que alguém é melhor do que ele”.

Um ambiente brutal que premiou o controlo

Enquanto o drama pós-corrida se centrou em Evenepoel, o bronze de Healy resultou de uma abordagem muito mais controlada. “Era tudo sobre poupar energia”, explicou, citando a altitude, o desnível constante e a forte poluição do ar em Kigali. “A qualidade do ar estava pelas ruas da amargura”.
Healy disse que a sua presença discreta no início foi deliberada. “A minha potência média no Mundial não impressiona. Limitei-me a pedalar o mais eficientemente possível”.
Remco Evenepoel Tadej Pogacar Ben Healy
Healy foi bronze atrás de Pogacar e Evenepoel em Kigali
A estrutura da seleção irlandesa, disse, foi decisiva para o manter na luta até às voltas finais. “Foi um esforço de equipa enorme”, disse Healy. “Se eles não fizessem aquilo por mim, eu não conseguiria fazê-lo sozinho”.

“O sonho é a camisola arco-íris”

O bronze em Kigali só aguçou as ambições de Healy para o futuro. “Fiquei radiante com o bronze”, confessou. “Terminar no pódio com aqueles dois foi especial”.
Mas deixou claro que não terminou a perseguição a Pogacar, nem ao maior prémio do ciclismo. “O sonho é a camisola arco-íris. Estou a aproximar-me. Nunca se sabe”.
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