Depois de um ano em que a apresentação oficial do percurso foi adiada até ao final de dezembro, a
Volta a Itália de 2026 promete chegar mais cedo, e com uma Grande Partida que já está a gerar enorme curiosidade.
Tudo indica que a 109.ª edição da Corsa Rosa começará na Bulgária, um destino inédito para o ciclismo profissional e mais um passo na estratégia de internacionalização da corrida, que nos últimos anos já levou o pelotão à Hungria (2022) e à Albânia (2024).
De acordo com várias fontes italianas, o pontapé de saída será dado na cidade costeira de Burgas, banhada pelo Mar Negro, fruto de um acordo milionário entre os organizadores e as autoridades locais. A ASO e a RCS Sport ainda não confirmaram oficialmente a informação, mas os indícios são cada vez mais fortes.
“O objetivo é levar o Giro a novos territórios e dar visibilidade ao ciclismo em regiões com potencial de crescimento”, afirmou recentemente uma fonte próxima da organização à Gazzetta dello Sport.
Três etapas na Bulgária antes do regresso a Itália
O arranque do Giro deverá contemplar três etapas em solo búlgaro:
- 1.ª etapa: Burgas ➜ Veliko Tarnovo
- 2.ª etapa: Plovdiv ➜ chegada urbana em circuito
- 3.ª etapa: Sófia ➜ final na capital
O formato espelha o de outras Grandes Partidas internacionais recentes: uma oportunidade para impulsionar o desporto local antes de um dia de descanso e transferência para o sul de Itália, onde o pelotão retomará o percurso tradicional.
Do sul ao norte: o regresso dos Apeninos e de Blockhaus
Assim que a corrida entrar em Itália, a rota deverá subir gradualmente pelo país, com os Apeninos como primeiro grande teste de montanha.
Entre os cenários mais prováveis destaca-se o regresso ao Blockhaus, uma subida que ao longo das últimas décadas tem sido palco de momentos decisivos e que poderá marcar a primeira grande separação entre os candidatos à geral.
Nápoles também deverá regressar ao mapa do Giro, mantendo a tradição recente de acolher etapas animadas e finais imprevisíveis junto ao mar Tirreno.
Rumores de alta montanha: Cervinia e o regresso aos Alpes
A segunda metade da corrida começa a ganhar forma. A RCS Sport tem mantido segredo sobre as etapas alpinas, mas há fortes indícios de que o Vale de Aosta voltará a ter papel central, com Cervinia a perfilar-se como final de etapa.
A mítica subida aos 2000 metros de altitude, usada pela última vez em 2018, foi palco de vitórias memoráveis e tem todas as condições para regressar ao itinerário.
Entre as hipóteses complementares estão:
- Uma chegada em Carí, na Suíça, com passagem fronteiriça na segunda ou terceira semana;
- Uma etapa nas Dolomitas, com o Passo Giau como protagonista, embora sem chegada ao cume;
- E um possível regresso ao Zoncolan, ainda que essa opção pareça perder força nos planos finais.
As incógnitas finais: Dolomitas, Alpes e Milão
Os nomes Sella dei Generali e Val Comelico surgiram em rumores recentes como potenciais finais de montanha, mas até ao momento sem confirmação sólida.
Tudo indica, porém, que o Giro voltará a terminar em Milão, recuperando o seu desfecho clássico após a experiência romana de 2025.
Roma, no entanto, poderá acolher o contrarrelógio final, como em várias edições anteriores, um desfecho simbólico que agradaria tanto ao público como aos patrocinadores, e que daria ao Corsa Rosa uma nota de espetáculo televisivo para encerrar três semanas de corrida.
Um mistério à moda antiga
Ao contrário do que acontece com a Volta a França, o Giro d’Italia mantém o seu habitual manto de mistério até ao último momento. A RCS tem alimentado deliberadamente a especulação, criando um ambiente de expectativa em torno de cada revelação.
E é precisamente essa imprevisibilidade, na estrada e fora dela, que continua a distinguir o Giro das restantes Grandes Voltas: uma mistura de tradição, risco e surpresa que, ano após ano, renova o fascínio do público.