Depois de mais de duas décadas no pelotão profissional,
Yukiya Arashiro continua a escrever o seu nome na história do ciclismo japonês. Aos 41 anos, o melhor ciclista do Japão de todos os tempos mantém-se ativo, competitivo e apaixonado pelo desporto, mesmo sem contrato garantido para 2026. A reforma, porém, ainda não está nos seus planos.
Atualmente na Team Solution Tech - Vini Fantini, uma formação ProTeam que compete entre a Ásia e a Europa, Arashiro reencontrou a alegria de pedalar sem pressões. No Saitama Criterium, a tradicional corrida exibição organizada pela ASO no Japão, voltou a ser o centro das atenções, recebido com entusiasmo por milhares de adeptos. "Para mim, todos os anos é especial estar em Saitama. Os adeptos esperam um ano inteiro por este evento. É uma sensação diferente", afirmou ao MARCA antes de mais uma edição.
Uma nova fase, a mesma paixão
Depois de dez temporadas no WorldTour, entre Team Europcar, Lampre-Merida e Bahrain-Victorious, a mudança para uma equipa mais pequena trouxe-lhe uma nova perspetiva. "Não somos uma grande equipa, mas este ano tivemos mais de 20 vitórias. A equipa deu um importante passo em frente", sublinhou.
Com um calendário que o levou da China e Taiwan até várias corridas europeias, o veterano japonês tem encontrado prazer em redescobrir o essencial do ciclismo. "Antes, andava sempre à procura de uma missão para o ano seguinte. Agora, limito-me a desfrutar da época", confessou com serenidade.
Ciclismo japonês em crescimento, mas ainda longe da Europa
Arashiro tem sido um embaixador do ciclismo nipónico ao longo da sua carreira e mantém os pés bem assentes na terra quanto ao desenvolvimento do desporto no país. "O nível no Japão ainda não é o mesmo que na Europa. Está a crescer, sim, mas ainda há falta de profundidade", admitiu.
Em 2025, correu cinco provas no Japão, incluindo a Volta a Kumano, a Volta a Kyushu e a Taça do Japão, reforçando o seu papel como referência nacional.
Recordações, amigos e respeito pelos rivais
O seu melhor resultado da temporada surgiu na Volta a Binzhou, na China, onde foi segundo classificado, apenas atrás de Simon Pellaud. Durante o calendário asiático, cruzou-se com outro veterano lendário: Francisco Mancebo, de 49 anos. "Se eu sofresse assim, parava. Mas ele continua. Cada ciclista tem motivações diferentes. Se ele gosta, porque não?", comentou com admiração.
Entre memórias e amizades, Arashiro recordou também antigos colegas da Bahrain,
Mikel Landa e
Pello Bilbao, por quem mantém grande respeito. "Depois de uma lesão destas, o corpo leva tempo a recuperar. Espero que o Mikel tenha descansado, se o fez, pode regressar em força", disse. Sobre Bilbao, acrescentou: "Este ano não teve sorte com problemas mecânicos e maus momentos. Não se trata de força. Penso que no próximo ano ele vai ter uma explosão".
Um veterano em paz com o desporto
No crepúsculo da carreira, Yukiya Arashiro continua a representar o espírito resiliente do ciclismo. Sem ilusões nem pressas, encara cada corrida como uma celebração. "O ciclismo está aberto a toda a gente. Um erro, uma queda ou um dia mau para um favorito muda tudo. Nada está escrito", concluiu.
Mais do que vitórias, Arashiro corre agora por aquilo que o levou a subir à bicicleta há mais de vinte anos: a pura paixão por pedalar.