Mathieu van der Poel e
Wout van Aert são vencedores de Monumentos e de etapas na Volta a França, e muito, muito mais no
ciclismo. Mas recebem o respeito que merecem?
Bart Wellens, lenda do ciclocrosse, defende que quanto mais, melhor, para dois corredores que continuam a voltar à disciplina apesar do sucesso que somam na estrada.
“O Mathieu pode viver na Bélgica, mas é verdadeiramente neerlandês. Ainda assim, goza da simpatia do público belga, embora o Wout seja um pouco mais conhecido e popular”, explicou Bart Wellens ao
In de Leiderstrui. “No conjunto, não é uma grande diferença, porque ambos são incrivelmente populares. Vá a uma corrida de estrada no verão e verá filas junto aos autocarros da Visma e da Alpecin”.
É uma popularidade que os acompanha para qualquer disciplina. Na estrada, à exceção de Tadej Pogacar, continuam a ser os dois nomes que mais atraem atenções antes de clássicas como a Volta à Flandres e Paris-Roubaix. Trabalham regularmente juntos e respeitam-se, algo que nos ‘velhos tempos’ do ciclocrosse nem sempre acontecia, como bem sabe Wellens.
“Agora esses grandes corredores apreciam-se realmente. É uma questão de mais respeito? Simplesmente, ambos têm carreiras enormes e continuam a persegui-las, mas, por outro lado, o ciclocrosse não é comparável ao que esses rapazes já ganharam. A Volta à Flandres, etapas na Volta a França, e por aí fora: é outro nível”, argumenta.
Van Aert e Van der Poel merecem mais respeito
“Esse respeito existe porque sabem o que cada um teve de fazer para lá chegar e como se elevaram mutuamente a um patamar superior”. Este inverno têm cinco duelos no ciclocrosse,
com os dois primeiros a penderem para o lado de Van der Poel. E, de cada vez, as bancadas enchem e fazem-se ouvir. “O público que eles trazem é um bónus adicional. Na Flandres, na antecâmara da primeira corrida de ciclocrosse, fala-se do ‘Duelo’ durante dias”.
“Esses rapazes devem receber o respeito que merecem. O ciclocrosse continua a ser uma modalidade de nicho, e é precisamente por isso que precisamos tanto deles”, acrescenta a lenda da modalidade. “E devemos estar felizes por ainda quererem vir. Também podiam dizer, com facilidade: a primavera ou a Volta a França é mais importante”.
A continuidade de Van der Poel na disciplina está, no entanto, em cima da mesa, já que este inverno poderá ser o último com a bicicleta de ciclocrosse.