A condenação de
Fernando Gaviria por condução sob o efeito de álcool suscitou uma reação frontal e brutalmente honesta de alguém que o conhece bem: o seu antigo diretor desportivo na
Soudal - Quick-Step,
Brian Holm.
Falando no podcast Café Eddy, o dinamarquês admitiu estar desiludido com a notícia, mas longe de surpreendido.
Holm, que trabalhou com o colombiano entre 2016 e 2018, não poupou palavras quando questionado sobre a
detenção de Gaviria no Mónaco por conduzir com uma taxa de alcoolemia de 2,40, cinco vezes acima do limite legal.
“Se tivesse de apontar um corredor que seria apanhado por condução sob o efeito de álcool no Mónaco, provavelmente diria Gaviria”, observa o dinamarquês de 63 anos.
Holm: “O corredor mais preguiçoso que alguma vez conheci”
Gaviria soma 52 vitórias como profissional
A reação de Holm foi além do incidente em si, tocando nas contradições que marcaram o início da carreira de Gaviria, um talento geracional, mas que muitas vezes foi difícil de motivar.
“Porque é que isto não me surpreende assim tanto?”, pergunta Holm, retoricamente. “Sem dúvida um dos maiores talentos com quem trabalhei: um dom de Deus sobre a bicicleta, e também o corredor mais preguiçoso que alguma vez conheci. Gosto muito dele, mas, caramba, Fernando, é preciso?”
As palavras de Holm sublinham a frustração de quem viu Gaviria no seu auge explosivo: etapas na Volta a França, vitórias na Volta a Itália e uma ponta final que em tempos o tornou no sprinter mais temido do mundo. Mas evidenciam também a inconsistência que persegue a carreira do colombiano de 31 anos desde que saiu da Quick-Step.
O caso no Mónaco que originou a resposta de Holm
O incidente ocorreu no passado dia 22 de outubro, pouco depois de terminar a difícil época de 2025 de Gaviria na Movistar. A polícia do Mónaco imobilizou-o após condução perigosa e várias infrações, registando depois uma taxa de álcool no sangue muito acima do permitido.
Em tribunal, Gaviria terá admitido o erro: “Dormi duas horas antes de sair. Senti que podia pegar no carro. Visto agora, não era o caso. Foi um erro meu, não voltará a acontecer”, citou o Monaco-Matin.
Foi condenado a uma pena de prisão suspensa de dois meses, multa de 5000 €, proibição de conduzir no Mónaco por dois anos e três coimas adicionais menores.
A reação de Holm surge num momento delicado. Precisamente quando Gaviria se preparava para relançar a carreira na Caja Rural – Seguros RGA, após três épocas na Movistar, a polémica extradesportiva ensombra uma transferência que deveria simbolizar um recomeço.
O colombiano vem do pior ano da carreira, com apenas 125 pontos UCI, e vai competir fora do WorldTour pela primeira vez desde 2015.