Despedida de uma lenda: Frans Melckenbeeck falece aos 84 anos

Ciclismo
quarta-feira, 29 outubro 2025 a 00:00
landscape 65cc27bda1b66 modified
O ciclismo belga perdeu uma das suas figuras mais emblemáticas. Frans Melckenbeeck, vencedor da Liège-Bastogne-Liège de 1963 e detentor de 240 vitórias ao longo da carreira, faleceu a 28 de outubro de 2025, poucas semanas antes de completar 85 anos.
Nascido em Lede, na Flandres Oriental, a 15 de novembro de 1940, Melckenbeeck foi um dos grandes nomes do pelotão belga durante a década de 1960, distinguindo-se pela sua versatilidade, pela capacidade de sprint e pela inteligência tática.

O herói de Liège 1963

O maior triunfo da sua carreira chegou em 1963, quando conquistou a Liège-Bastogne-Liège, uma das cinco Clássicas Monumentais, impondo-se ao sprint frente ao compatriota Pino Cerami e ao italiano Vittorio Adorni. No mesmo ano, venceu ainda a 4.ª etapa da Volta a França, integrando a equipa Mercier ao lado de Raymond Poulidor, que viria a ser o vencedor da classificação geral.
O sucesso de 1963 abriu-lhe as portas de uma carreira plena de vitórias, nas quais se destacam a Omloop Het Volk de 1964 (atual Omloop Het Nieuwsblad) e etapas conquistadas em várias provas de renome, incluindo a Paris-Nice e a Vuelta a España. Entre 1964 e 1965, venceu quatro etapas da Vuelta, consolidando o seu estatuto de ciclista completo — capaz de brilhar tanto nas Clássicas como nas Grandes Voltas.

Um palmarés impressionante e uma carreira precoce de sucesso

Antes de se profissionalizar, Melckenbeeck representou a Bélgica nos Jogos Olímpicos de Roma 1960, na disciplina de perseguição por equipas em pista.
O seu talento ficou evidente logo nos primeiros anos: em 1961, ainda como amador, obteve 36 vitórias numa única época, um recorde nacional que o destacou como um dos grandes prodígios belgas da época. Esse feito valeu-lhe a passagem imediata para o profissionalismo e o início de uma década de sucesso internacional, que se prolongou até 1972.
Ao todo, somou 64 vitórias como profissional e 240 triunfos ao longo da carreira, números que o colocam entre os ciclistas belgas mais vitoriosos da sua geração.

Um Flamengo reconhecido e celebrado em casa

Depois de pendurar a bicicleta, Melckenbeeck manteve-se uma figura de referência na sua terra natal. Em 2018, o município de Lede concedeu-lhe a cidadania honorária, reconhecendo o seu contributo desportivo e o papel de embaixador do ciclismo flamengo.
Todos os anos, a vila celebra a sua memória com o Grote Prijs Frans Melckenbeeck (Grande Prémio Frans Melckenbeeck), uma corrida que leva o seu nome e perpetua a ligação entre o campeão e a sua comunidade.
A homenagem será reforçada este outono, com o lançamento da biografia “Frans Melckenbeeck, Flandrien from the Stillekes Years”, que revisita a vida e a carreira de um ciclista que viveu e competiu numa era de transição para o ciclismo moderno.

Um legado de humildade e determinação

Frans Melckenbeeck pertenceu a uma geração de Flamengos autênticos, ciclistas forjados no empedrado, resistentes e modestos, que deram ao ciclismo belga a reputação lendária que ainda hoje perdura.
A sua morte marca o fim de uma era, mas também lembra a importância de uma geração que abriu caminho para ídolos como Eddy Merckx, Roger De Vlaeminck ou Freddy Maertens.
Mais de seis décadas após a sua vitória em Liège, o nome Melckenbeeck continua a ser sinónimo de classe, trabalho e paixão pelo ciclismo.
aplausos 0visitantes 0
loading

Últimas notícias

Notícias populares

Últimos Comentarios

Loading