Com a temporada de clássicas da primavera a entrar em velocidade cruzeiro, Dylan van Baarle está de regresso às corridas que mais o entusiasmam. Em declarações ao De Telegraaf antes da E3 Saxo Bank Classic, o neerlandês refletiu sobre um início de época atribulado e traçou os seus objetivos para as provas empedradas, onde espera reencontrar a sua melhor forma.
Depois de uma queda no Tour Down Under, logo no arranque da temporada, van Baarle viu a sua preparação ser interrompida. No entanto, com várias corridas já nas pernas — incluindo o exigente Tirreno-Adriatico — o experiente ciclista da Team Visma | Lease a Bike, vencedor da Paris-Roubaix, Dwars door Vlaanderen e Omloop Het Nieuwsblad, acredita estar pronto para lutar novamente entre os melhores.
“Foi uma chatice”, admitiu. “Mas consegui voltar a treinar bem e, com o Tirreno, fiz uma corrida de vários dias que precisava. Senti evolução. Este é o período que me faz feliz — para mim, é o ponto alto do ano ciclístico.”
Para ciclistas como van Baarle, a E3 Saxo Classic é mais do que um aperitivo para a Volta à Flandres — é um objetivo em si. O percurso, que replica os setores mais exigentes da Ronde, é um verdadeiro teste à forma física e às táticas das equipas. Com nomes como Mathieu van der Poel, Wout van Aert e Matteo Jorgenson na partida, a luta será intensa.
Van Baarle reconhece o nível altíssimo da concorrência, especialmente com a presença de Van der Poel e Tadej Pogacar:
“Eles estão noutro nível. Mas nunca se pode perder a esperança. Se tudo correr bem para mim num dia, posso fazer uma corrida muito forte. Sou capaz de muita coisa.”
“Temos uma equipa com muita profundidade e temos de dificultar a vida ao Van der Poel e ao Pogacar. Embora não estejamos só a lidar com eles — correr em paralelos é muito diferente de correr em Sanremo.”
Essa última frase é reveladora. Nas clássicas empedradas, o posicionamento, o instinto e o trabalho de equipa são tão importantes como os watts. Foi nessas condições que van Baarle construiu a sua reputação — com destaque para a vitória a solo no Paris-Roubaix 2022.
Aos 32 anos, já não é o centro das atenções nesta primavera, e sente-se bem com isso. Enquanto Van der Poel e Pogacar absorvem os holofotes, van Baarle corre com tranquilidade e foco, confiando no seu conhecimento e experiência.
Em 2025, há outra mudança significativa: van Baarle não está na lista provisória da equipa para a Volta a França. Embora desiludido, o ciclista demonstra pragmatismo:
“Compreendo que a equipa tem de fazer escolhas. Claro que estou desiludido por não ir ao Tour, mas sabemos o quão forte é a nossa equipa. Fizeram outras opções e tenho de aceitar isso. Tenho um bom calendário alternativo no qual estou totalmente focado.”
Esse “programa diferente” inclui agora apoiar ciclistas como Simon Yates e Olav Kooij, uma abordagem distinta daquela que seguia com Jonas Vingegaard, centrado exclusivamente na Camisola Amarela:
“Com o Jonas (Vingegaard), tudo gira em torno da vitória final. Agora, com o Simon (Yates) a lutar pela geral e o Olav (Kooij) para os sprints, o trabalho será mais repartido.”
Para Dylan van Baarle, 2025 é um ano de recalibração: uma oportunidade para abraçar novos papéis, voltar a brilhar nas clássicas que o tornaram referência e correr com menos pressão e mais liberdade.
Quer suba ou não ao pódio esta sexta-feira, o seu conhecimento profundo destas corridas e a sua frieza em momentos caóticos fazem dele uma ameaça real, sobretudo se os rivais estiverem demasiado concentrados uns nos outros.
“Este é o período que me faz feliz”, conclui van Baarle — e talvez, nessa leveza, esteja a chave para mais um grande resultado.