Geoffrey Bouchard anunciou a sua retirada do ciclismo profissional em outubro… e
regressou apenas um mês depois. O vencedor das classificações da montanha na Volta a Espanha (2019) e na Volta a Itália (2021) dava o capítulo por encerrado após falhar a procura de equipa, uma vez que a sua Decathlon AG2R não quis renovar com o corredor de 33 anos. Até que a
TotalEnergies entrou em cena e virou do avesso os planos pós-reforma de Bouchard com uma proposta para prolongar a carreira e, assim, poder pendurar a bicicleta noutro dia, em seus termos.
“Tinha anunciado a minha retirada porque caí e parti a clavícula na Volta ao Luxemburgo. Achei que, com a situação atual, o fecho de muitas equipas, seria muito difícil encontrar novo destino”, explicou Bouchard ao jornalista
Louis-Pierre Frileux, da secção francesa da Eurosport.
Bouchard atravessou um período difícil desde meados de 2023, quando uma queda dura no contrarrelógio do Dauphiné o afastou duas semanas. Depois veio a Vuelta e novo abandono ao fim de duas semanas. Seguiu-se uma paragem competitiva de 9 meses, regressando apenas em junho do ano seguinte. À entrada de 2025, estava confiante em deixar boa impressão, mas duas quedas nas primeiras etapas da Volta a Itália, em maio, e mais tarde na Volta ao Luxemburgo, em setembro, travaram a tentativa de assegurar novo contrato. A esperança parecia perdida…
Geoffrey Bouchard com a camisola de líder da montanha na Volta a Itália de 2021
“Em meados de novembro, recebi uma chamada da equipa TotalEnergies, através do Benoît Génauzeau. Perguntei-me qual seria o motivo. E agora, cá estou, de volta para a temporada de 2026”.
É justo dizer que a chamada apanhou de surpresa o corredor de 33 anos, que já estava “mentalmente afastado” da vida de profissional, embora não fosse o desfecho que imaginara. Mas o seu perfil encaixava na perfeição nas necessidades da ProTeam francesa, que procurava colmatar lacunas no plantel numa fase tardia.
“A Team TotalEnergies queria completar o calendário e ter apoio extra na montanha para ajudar os jovens talentos. Eu encaixava na perfeição”, explicou Bouchard. “Tive de falar com a família e amigos para ouvir a opinião deles, porque já tinha avançado com outros projetos”.
A tábua de salvação reacendeu a chama em Bouchard: “Continuava a ter esse amor, essa vontade de fazer desporto. Não quero ficar com arrependimentos pelo que não fiz nos últimos anos. Ao longo do ano, mantive a ambição de encontrar equipa. Com o passar das semanas, as coisas foram mudando. Achei que tinha acabado. Mas as conversas com a equipa da Team TotalEnergies deram-me um sopro de ar fresco”.
Seria frustrante não correr o Tour
Além disso, há a hipótese de alinhar na
Volta a França, que passa pela terra natal de Bouchard. Desde que entre na seleção para a corrida. “Dois ou três dias após o anúncio da minha reforma, vi que a Volta a França ia passar para e desde Voiron. É a minha terra, os meus pais vivem lá. É a cidade onde cresci. Achei um pouco frustrante parar no ano em que o Tour passava por Voiron”.
Assim, em 2026, Bouchard muda-se de uma equipa francesa para outra. Mas enquanto a Decathlon se internacionalizou nas últimas épocas, a TotalEnergies é uma formação totalmente francesa, com aquilo que Bouchard descreve como um “grande espírito de equipa”.
“Gostei muito do estilo de correr deles. Era exatamente a equipa que eu queria: descer um patamar, estar no nível Pro Continental e ter um calendário diferente daquele que fiz nos últimos anos”, conclui.